quarta-feira, 29 de abril de 2009

João Monlevade e seus 45 anos



 

Tudo teve início nos primórdios do século XIX, quando chegava ao Brasil o engenheiro de minas, francês, Jean Antoine Felix Dissandes de Monlevade, que aportava no Rio de Janeiro em 14 de maio de 1817, aos 28 anos de idade. Ele vinha devido à sua paixão pela mineralogia e geologia e, sabedor de que o Brasil, mais especificamente a Província de Minas Gerais, constituía-se em vastíssimo campo de estudos, veio acompanhar uma comissão do governo francês.

 

 

Antes de aportar em João Monlevade, ele primeiro percorreu várias comarcas e distritos mineiros, entre eles São João Del Rey, Vila Rica, Sabará e Caeté, até chegar a São Miguel do Piracicaba. Aqui, descobriu a extraordinária riqueza da região e, descortinando-lhe o enorme futuro, adquiriu duas léguas abaixo do então arraial de São Miguel, algumas semarias de terras, onde construiu a forja Catalã, que produzia, inicialmente, trinta arrobas diárias de ferro. E, foi ele também quem providenciou a construção da sede da Fazenda Solar, em 1818, edificação imponente que dominou a paisagem do Vale do Piracicaba e que, virando os tempos, tornou-se o marco histórico e símbolo maior da civilização plantada pelo pioneiro francês.

 

 

Outros nomes surgiram desde então, sendo a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira a grande responsável pela alavancada do município. Mas, antes disso, a primitiva fábrica de ferro passou por fases de crescimento, declínio e até mesmo a decadência, trocando de proprietários algumas vezes, até que transformou-se no embrião da Belgo-Mineira, graças à tenacidade de um outro pioneiro, o luxemburguês e também engenheiro Louis Jacques Ensch, que aqui chegou em 1934 com a missão de desativar a incipiente fábrica, mas acabou por consolidá-la graças à sua visão futurista. E, a partir daí, urbanizou toda a área, dotando-a de uma infra-estrutura básica condizente com as necessidades humanas. Fez assim pulsar um coração humano naquele peito de aço que se erguia à margem do rio Piracicaba.

Distrito e Emancipação



 

Em 27 de dezembro de 1948, com a promulgação da Lei Estadual nº 336, criou-se o Distrito de João Monlevade. Nesse período, fatos significativos aconteceram, como a construção da Paróquia de São José Operário e a nomeação de seu primeiro pároco, Cônego José Higino de Freitas, que chegou aqui em 1948; a instalação do Cartório Civil com o Sr. Jonathas de Oliveira, em 1949; a fundação do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, em 1951; a inauguração do Hospital Margarida, em 1952; a criação do Ginásio Monlevade, em 1955; e a formação da Comissão Pró-Emancipação, em 1958.

 

 

Tornar-se município e deixar de ser Distrito de Rio Piracicaba foi uma outra história, que se arrastou por longos seis anos. A Comissão Emancipadora foi formada por Germin Loureiro (presidente), Wander Wanderley de Lima, Randolfo Moreira de Souza, Carlos Caldeira, José Loureiro e Alberto Pereira Lima. Juntamente com outros nomes que formaram o grupo de apoio, movimentaram os corredores da Assembléia Legislativa e conseguiram unir forças políticas para, finalmente, vitoriosos, em 29 de abril de 1964. João Monlevade estava cravado no mapa de Minas Gerais.

 

 

Os colaboradores da Comissão foram Benedito Marcelino, Padre João Batista Gomes Neto, Geraldo de Paula Santos, Antônio Loureiro Sobrinho (Totó Loureiro), Gentil Bicalho, Oswaldo Silva, Olímpio Carvalho Lage, José Pedro Machado (Machadinho), Astolfo Linhares, Alonso Leite, Raimundo José Caldeira e Pedro José Caldeira. Até a primeira eleição, foi indicado como interventor Bolivar Cardoso da Silva, que governou João Monlevade até 1965.

 

 

O primeiro prefeito eleito pelo município seria Wilson Alvarenga, que governou João Monlevade de 1965 a 1966, sendo eleito deputado estadual. Assumiria seu vice, Josué Henrique Dias, que governou a cidade de 13 de agosto de 1966 a 31 de janeiro de 1967. Germin Loureiro, popular “Bio”, comerciante, foi eleito em 1967, ficando até 1970. Por sua vez, o professor Antônio Gonçalves (Pirraça) sai vitorioso nas urnas em 70 e comanda o município durante dois anos. O médico Lúcio Flávio de Souza Mesquita ganha a Prefeitura em 1972, governando-a até 1976. Eleito em 156 de novembro de 1976, de 77 a 82 o prefeito é novamente Antônio Gonçalves. De 83 a 88, retorna Bio. De 89 a 92, ganha a Prefeitura o metalúrgico e sindicalista Leonardo Diniz. Germin Loureiro volta em 93 e fica até 96. Um outro médico governa Monlevade, Laércio José Ribeiro, eleito em 1996, comandando a cidade de 1997 a 2000. O radialista Carlos Moreira foi o primeiro prefeito reeleito na história política de João Monlevade de João Monlevade, consecutivamente. Saiu vitorioso nas eleições de 2000 e 2004, governando o município por oito anos. Nas comemorações do 45º aniversário de João Monlevade, administra a cidade o advogado Gustavo Prandini de Assis, eleito em outubro do ano passado.

 

terça-feira, 28 de abril de 2009

Monlevade, quase dois séculos de história



 

Marcelo Melo.

 

Não importa se são 45 anos de emancipação político-administrativa, porque o que vale mesmo são os 192 anos de história, desde que aqui chegou o francês que deu origem ao nome de nosso município. Jean que se fez João e Monlevade que permaneceu aportuguesado. Das Forjas Catalã à Belgo-Mineira, entre o francês Jean e o luxemburguês Louis Jaques Ensch, o pai da siderurgia nacional. E tudo teve início ali, no arraial de São Miguel do Piracicaba, entre o rio e as montanhas, e um solo perfeito para se fazer o aço.

 

Ah, são muitos causos contados pelos mais antigos e estampados nas páginas da Internet. E no século XIX, imaginar o fenômeno que consegue hoje unir todas as pessoas do mundo em uma rede de computadores daria pena de morte. Seria um sacrilégio. Mas, como dizia, as histórias e estórias são muitas, como o ciúme doentio da esposa de Jean Monlevade, Dona Clara Coutinho, que se tornou lendário. Em uma das cenas, durante um jantar na Fazenda Solar, o marido elogiou a dentadura da escrava copeira. Dias depois, recebeu de presente de D. Clara uma bela bandeja de prata, com a coleção de dentes da escrava. Herança maldirá do feudalismo ou amor por demais? Nem a história consegue desvendar tantos mistérios que pairavam nos cômodos daquela fazenda, o nosso Solar Monlevade, símbolo e orgulho desta terra.

 

Pois bem, mas João Monlevade merece minhas desculpas. Merece meu carinho e merece meu amor. Aliás, sempre fui um apaixonado por ela, desde menino, quando ainda pertencia à vizinha Rio Piracicaba. Onde passava grande parte de minhas férias escolares, entre a ponte que findava no bar de Seu Walter Valamiel, à pensão da minha Tia Gininha, que ficava ali, de frente para a estação. Provando as delícias da culinária de Dia Dinda, aquela preta velha maravilhosa! Campo da prainha, praia do Funil e a praça principal da cidade, onde ficava assentado aguardando as filhas de Seu Jurandir sair de casa: Márcio e Wilma, se não estou enganado. Amor platônico de um garotinho bobo, mas que desde aquela época brincava com as raízes de nossa terra e de nossa gente.

O começo do início



 

Nessas boas coincidências da vida, uma delas foi saber que o meu pai é natural de lá, de Piracicaba. Minha mãe, conterrânea de Guimarães Rosa, nasceu em Cordisburgo, no meio agreste, meio sertão mineiro. E se conheceram em Nova Era, onde moravam meus avós maternos. Ele, José Baptista de Oliveira, popular “Zé Cara-Santa”, era maquinista da Central do Brasil. E minha vó, Dona Ritinha, que fazia uma comida sem igual. Um tempero! E os seus bifes então, ninguém consegue fazer com tanta maestria. Davam água na boca naquela pimenta do reino. Faz mal? Fazia-se, não se sabe, pois os dois viveram, cada um, quase 100 anos de existência. Mas aí Seu Sebastião e Dona Geralda se casaram e foram morar lá na Vila, minha amada Vila Tanque. Avenida do Contorno, entre a 10 e a 9. Depois, mudaram-se para a 25, na Vila de baixo. E eu tive o privilégio de passar ali a minha infância e adolescência. E tudo começou naquele lugar o qual considero sagrado, minha raiz e onde foi levado o meu cordão umbilical, após o parto realizado pela saudosa Dona Carmem “Parteira”, ali do Areia Preta.

 

E aqui estamos hoje, no seu 45º aniversário e muita coisa mudou, é verdade, mas a minha sensibilidade de monlevadense permanece. Assim como a de outros monlevadenses, da geração que completa agora seu cinqüentenário. É, estamos ficando velhos, como diriam nossos pais. E, perpetuando a letra da música “Como nossos Pais”, do cearense Belchior, fica o contentamento de saber que, “apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como eles”... Podemos não ser aquela geração dourada, mas de prata, com certeza. E todos nós, crescemos juntos, estudamos juntos, aprontamos juntos, brincamos e brigamos juntos pelos nossos ideais e, apesar da dispersão – cada qual seguindo seu rumo -, a distância física não conseguiu roubar a nossa amizade. Somos eternos... Como é eterna a nossa João Monlevade, hospitaleira por demais. E os seus filhos, onde quer que estejam, não lhe abandonam jamais, porque tem essa coisa de pele, de raiz. Pois quem bebe desta água, jamais provará de outra igual.

domingo, 26 de abril de 2009

Revendo Célio Balona



 

O final de semana foi surpreendente, quando pude rever um dos meus ídolos de época de adolescente, e que todos de minha geração se lembram: o grande músico e instrumentista Célio Balona. Ele sempre se apresentava nos programas de auditório da extinta TV Tupi e depois na Alterosa. No seu teclado, Balona foi ícone de uma geração e se relacionava com grandes feras da MPB, especialmente em Minas, onde participava das rodas na época do Clube da Esquina, ao lado de Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Tavinho Moura, Marilton Borges e outros nomes. E foi sábado, quando participava de uma cerimônia em um casamento em BH. Tive ainda o prazer de conversar com ele, uma pessoa simples e de muitas histórias. Atualmente, está realizando um trabalho de pesquisa e lançando no mercado um DVD, quando apresentará trabalhos de Tom Jobim, Zé Kéti e outros nomes da Música Popular Brasileira. Valeu demais o encontro e foi maravilhoso ouvir novamente Célio Balona no teclado, agora com uma linda sanfona.

Zé da Guiomar



 

Na mesma festa uma outra grata surpresa: amigos do noivo também os integrantes do quinteto “Zezé da Guiomar”, que há oito anos faz sucesso, não só em Minas, mas em várias partes do país. Ele lançou recentemente seu segundo CD, intitulado “O Samba Tá”. Em conversa com um de seus integrantes, o Márcio Souza (Marcinho) – violão e voz -, ficamos de combinar uma data para trazer o grupo até Monlevade. Talvez em julho, através de um projeto deste Blog e do Morro do Geo.

 

 

No repertório, samba de raiz de primeira qualidade, e pude ouví-los tocando e cantando Cartola, Noel Rosa, Chico Buarque, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, João Bosco e Paulinho da Viola. Também chorinhos inesquecíveis. Olha, uma festa pra ninguém botar defeito. Célio Balona e “Zé da Guiomar”, cujo nome nasceu através de um personagem que viveu na cidade de Conceição do Mato Dentro, que era o Zé, filho da Guiomar. O Zé da Guiomar era o organizador-chefe das marujadas, folclore muito forte naquela região.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Nosso 1º meio século de vida



 

Nascemos em 1959... Uma geração que, se não foi dourada, ao menos foi de prata. Não vivemos a 2ª Guerra Mundial e nem mesmo a ditadura militar no Brasil, em seu início, que tanto fez o nosso país retroceder. Tínhamos apenas 5 anos de idade quando ela chegou, sob o símbolo de reformas em forma de direitistas sacanas, como o não saudoso Magalhães Pinto e sua corja de militares. Costa e Silva, Médici, Golbery, Geisel e tantas maçãs podres que mancharam o nosso país. O nosso povo, censurado, torturado e assassinado pelo regime militar. E torcemos e vibramos com o tri-campeonato de futebol do Brasil, naquele estádio de Guadalajara, no México, com os quatro a um sobre a Itália. E, aos 11 anos de idade e cursando o 4º ano de Grupo no Eugênia Scharlé, na Vila Tanque, nem imaginávamos que, atrás de cada gol de Pelé, Tostão, Jairzinho, Rivelino, Carlos Alberto, Gerson e Cia., um brasileiro morria torturado. Só porque discordava do regime autoritário.

 

 

Pois é, mas hoje abri meu Orkut e li a seguinte mensagem de uma contemporânea, dos tempos da Vila e do Scharlé: “Acho que não vejo vocês três há mais de trinta anos. Mudei de Monlevade em 1974. Neste ano todos nós vamos completar nosso primeiro meio século de vida. Um abraço para todos”... Era de Maria Aparecida Braga, filha do Sr. Geraldo Braga e de Dona Mocinha, moradores ali da rua 18, quase esquina com a 19, onde reside hoje o casal Zico e Marta. Ali, de frente para a casa onde moravam Seu Lelé e Dona Eni, ao lado de Seu Nozinho e Dona Conceição. E todos nós, filhos, crescemos juntos, estudamos juntos, aprontamos juntos, brincamos e brigamos juntos pelos nossos ideais e, apesar da dispersão – cada qual seguindo seu rumo -, a distância física não conseguiu roubar a nossa amizade. Somos eternos...

 

 

E neste 2009 completamos 50 anos de idade, meio século de vida. E nem sabemos onde vamos chegar, mas com certeza iremos chegar. Com a esperança de um mundo melhor para os nossos filhos e netos. É, alguns já devem ser avós. E que neste cinqüentenário, de uma geração como a nossa, tão especial, Deus nos abençoe, sempre!

Geração Polivalente



 

Nós, da geração de 59, tivemos o privilégio de termos cursado o ensino fundamental (5ª à 8ª série) na Escola Polivalente. O Sistema Premem de Ensino, vindo da Europa para nós, iniciou suas atividades em Monlevade em 1972. Ensino integral com aulas práticas de Técnicas Comerciais, Educação para o Lar, Técnicas Agrícolas, Artesanato e Técnicas Industriais. Professores altamente capacitados e ainda um tempero de liberdade, mesmo quando vivíamos sob a tutela do regime militar, entre Garrastazu Médici e Ernesto Geisel. No Polivalente, os alunos quem mudavam de sala e havia aquele sentimento de não estar preso, de liberdade mesmo. Nos intervalos, jogos nas quadras e no campo soçayte, e ainda a prática de tênis de mesa, som-ambiente e aquela paquera saudável. O Polivalente ainda nos oferecia aulas de jornalismo, teatro, música. Mas, como no Brasil o ótimo dura pouco, este sonho foi privilégio de uns poucos, entre eles os da nossa geração, nascidos em 1959. 

quinta-feira, 23 de abril de 2009

São Gonçalo: cidade exemplo de limpeza



 

Há algum tempo não entrava pela cidade de São Gonçalo. Estive lá recentemente, em uma reunião solene da Câmara Municipal, mas no período da noite. Hoje fui pela manhã, quando fiz uma visita ao assessor de Comunicação da Prefeitura da cidade, o jovem Ricardo Guerra, que vem realizando um trabalho profissional de alta qualidade junto ao setor. Aliás, o que mais me chamou a atenção foi o respeito pelo qual Ricardo Guerra parece ter com a imprensa de um modo geral, quando afirmou que o poder público compra espaço, e não opinião. Alguns assessores estão precisando de aprender um pouco com o moço. Afinal, muitos acham que, por anunciar no determinado órgão de imprensa, podem também pauta-lo. Método adotado muito no período do coronealismo.

 

 

Mas outra situação chamou ainda mais minha atenção: a limpeza da cidade de São Gonçalo do Rio Abaixo. Fiquei surpreso positivamente ao ver ruas bem cuidadas, garis varrendo todas as vias, praças bonitas. Não vi um lixo nas calçadas e fiquei com inveja, ao ver uma Monlevade tão mal cuidada. Sem contar o nosso louco trânsito! Parabéns à administração de São Gonçalo e aos seus moradores, que têm colaborado bastante para que a cidade preserve um ambiente acolhedor e saudável.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

História de Monlevade contada pelo Morro do Geo


Era o ano de 1968 e as protagonistas são as alunas da antiga 4ª Série do Ginásio Monlevade, localizado ali na saudosa praça do Cinema. 41 anos se passaram e cada uma dessas meninas seguiu um rumo diferente, mas com toda certeza todas elas, sem exceção, levaram para toda a vida os ensinamentos para o resto de suas vidas. Um tempo em que a vida deixa tanta saudade!

Esta foto foi retirada da página de relacionamento (Orkut) da ex-aluna Lutécia Espechit, integrante da turma. Hoje, funcionária da agência do Banco do Brasil de João Monlevade.

Quem é o craque? Reinaldo ou Gustavo?


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Mais um artista é vítima na 381?



 

Chega de acidentes e mortes na 381. O domingo passado fez terminar com mais um final de semana trágico em nossa estrada e mais vidas de monlevadenses foram ceifadas. E, como escreveu o amigo de Ipatinga, Carlos Peixoto, terá de morrer alguma pessoa ilustre neste trecho da 381 para que o Dnit ou a ANTT tomem providências e mande já duplicar esta rodovia?

 

 

Pois bem, mas estamos às portas do aniversário da cidade, e como ocorreu naquele também trágico acidente que matou, na mesma curva do Corte de Pedras, o cronista, poeta e escritor Oswaldo França Júnior, numa manhã de sábado chuvosa, depois de sua visita a Monlevade para lançar um livro e participar das comemorações do 1º aniversário da Livraria “República Literária”, pode ocorrer com outros artistas. Afinal, astros da MPB como Jorge Aragão, Flávio Venturini e outros estarão aqui na próxima semana para os 45 anos de João Monlevade. Deus queira que não, mas também estarão dispostos aos horrores desta assassina estrada. 

Libere a verba, poderosa Dilma


 

Pois bem, mas depois daquele ano de 1990, outras tantas mortes nas curvas do Corte de Pedras e do Mel, na serra de Bom Jesus e no trevo de Caeté. E quais obras foram executadas? Uma gambiarra pelo Dnit para eleger o hoje deputado Alexandre da Silveira, com pontes e viadutos inacabados, estrada sem sinalização e curvas perigosas. Continuamos aguardando a senhora toda-poderosa do Lula, Dilma Russef, liberar a verba de R$ 2 bi que já estavam no orçamento do PAC par duplicar a 381, entre BH e Valadares, principalmente no trecho entre a capital e Monlevade. E não liberou até hoje temendo ajudar politicamente o governador Aécio Neves, provavelmente seu concorrente nas eleições presidenciais do próximo ano. Um absurdo, porque brincam com vidas humanas em prol de caprichos da vida política. Uma banana para essa omissão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 20 de abril de 2009

A VIla Tanque é diferenciada...



 

Domingo à noite. Acordo depois de algumas “domingueiras”. Era início da noite. Sem mulher, com o filho mais velho em BH e o mais novo no Computador, desço do meu 3º andar e chegou à garagem. Dar uma volta para espairecer.

 

 

Resolvi ir para a Vila, a Vila do tanque, que nasceu ali na Rua do Sapo, no caminho da Sonda e no campo da Lenheira. Do campim Pereira e da Rua Imbé. De Padre Hildebrando e de João “Peixe”. De Tião de Melo e de Paulo Silva. De Tião, o Pipoqueiro e do Zé Nócio. De Seu Chiquito e de outro Tião, o Gualberto. De Laudelino Fonseca e do irmão Chico. De Seu Raimundo, de Seu Otelino. De outros “paulos”, como Moreira e o Denck. Êta Vila arretada, sô!

 

 

Mas é a Vila da Contorno, dos contornos e das matas. Eu fui para a Vila e subi até a Rua 5, descendo pela Contorno que dá de frente com a noite, em forma de águia. É, já falaram que, do alto da Vila, se vê uma linda águia? Pois é, privilégios que só a Vila nos oferece... E eu via cada esquina e os homens e mulheres que fizeram parte da história da Vila. A lembrança ia ao longe e surgiam personagens que parecem eternas, como Seu Narciso e a esposa Dona Adelina. Seu Juca, Chico Enfermeiro, Mundicão. Seu Zé Rosa, Salvador Linhares e Dona Maria. Via e ouvia, e o carro andava, mas parecia parado. O Seu Santos, o barbeiro mais famoso: Seu Bramante e a esposa Abigail. Dona Dodôra e sua simpatia. Dona Helena Gonçalves, Seu Armindo, Dona Maíza e meus pais, Seu Tião e Dona Geralda. Santa mãe! Ah, saudade também de Seu Lelé e do nosso Coral da Igreja! Do Padre “Juca”. Vila de Seu Caetano, de Vicente da Farmácia e da minha Vovó Rosinha e do Seu Mundico. Dona Santa e Seu Delvo. Noé Bastos, Seu Paulo, pais do “Diferente”. Zaru, Manaia, João “Quebra-Osso”. Seu Bonifácio e o grande Zé Maria. Seu Toloca, Conceição Miranda. É falar da Vila gasta tempo e haja choro para conter as lágrimas...

Dos Amigos da EMIP


POR MAIS QUE SE DIGA QUE A MORTE FAZ PARTE DO CICLO DA VIDA....... SEMPRE TEMOS A IMPRESSÃO DE QUE ELA CHEGOU CEDO DEMAIS....... SURPREENDENDO NOSSOS SENTIMENTOS E ATITUDES........ SAUDADES ETERNA...... ESTEJAM EM PAZ "LIDI E NICO".

O Trânsito nosso de cada dia na década de 70



 

Quem diria, mas antes da construção da avenida Wilson Alvarenga, a Getúlio Vargas servia como mão dupla para os veículos que transitavam pelo centro comercial de Carneirinhos, como mostra esta fotografia dos anos 1970. Fusquinhas, vemagues, rurais e caminhões se misturam no complicado trânsito, que lembra um pouco Dubay. E, pelo visto, a avenida havia sofrido com uma enchente e por isso a lama sobre o asfalto. Como hoje, também naquela época o engenheiro José Jaime não daria conta para solucionar o problema.

 

 

Na foto, pode-se observar alguns pontos, como o prédio da Farmácia Central, à esquerda, e ao fundo, também à esquerda, o prédio onde funcionou a loja da Bemoreira Ducal e onde está instalada hoje a Padaria “Pão com Manteiga”, e a residência de Milton Ourivio, de frente para o Cine Carneirinhos. Para recordar, quando Monlevade se prepara para completar seu 45º aniversário.

domingo, 19 de abril de 2009

A história se faz com seus personagens



Alim Machado ((e), o locutor que colocou a Cultura no ar, e ao lado o saudoso Geraldo Zenóbio (Pindoba), que também trabalhou na emissora. Aqui, durante uma entrevista que fiz com os ex-funcionários, em abril de 2001, quando a Rádio Cultura completava 40 anos de fundação. A história se faz com quem ajudou a construí-la

 

O que é a História? História (do grego antigo historie, que significa testemunho, no sentido daquele que vê) é a ciência que estuda o Homem e sua ação no tempo e no espaço, concomitante à análise de processos e eventos ocorridos no passado. Por metonímia, o conjunto destes processos e eventos. A palavra história tem sua origem nas «investigações» de Heródoto, cujo termo em grego antigo é στορίαι (Historíai). Todavia, será Tucídides o primeiro a aplicar métodos críticos, como o cruzamento de dados e fontes diferentes. O estudo histórico começa quando os homens encontram os elementos de sua existência nas realizações dos seus antepassados (http://pt.wikipedia.org/wiki/História).

 

Trocando em miúdos, a história se inicia quando os homens encontram as provas de sua existência através da realização de seus antepassados. E, sem aqueles que começaram a história, não haveria ninguém para contá-las hoje. Parto do princípio de que se esquecendo (ou omitindo) os feitos dos antepassados perdem-se o bonde da história.

 

Não estou aqui para fazer julgamento ou mesmo legislar em causa própria. E muito menos para atirar pedras na iniciativa da direção da Rádio Cultua, e do seu proprietário, deputado Mauri Torres, que realizou uma bonita festa nesse domingo, quando das comemorações pela passagem do 48º aniversário da emissora, fundada pela Belgo-Mineira em 1961 (ler história abaixo). Mas, gostaria sim de apresentar aqui a minha indignação pela falta de respeito com que a atual direção tratou aqueles que ajudaram a construir a história desta emissora. Se estiver enganado, que me desculpem, mas os ex-funcionários da emissora, os que, durante anos, vestiram a camisa da Cultura, desde os tempos da Belgo-Mineira e mais tarde pela Tiradentes/Globo, foram ao menos lembrados neste aniversário? Dou como exemplos nomes como Alim Machado (o locutor que colocou a Rádio Cultura no ar), Maurício Reis (editor de esportes durante anos), o popular “Sabará” (repórter esportivo nos anos de ouro do futebol em Monlevade), Vicente de Paula (o pé de boi da emissora durante décadas), Geraldo Cardoso (baluarte da Cultura e injustamente demitido da emissora), Elmar Vinícius de Oliveira (diretor nos anos 1980/90), Jair Lesse (um dos pioneiros em programas sertanejos) etc. Algum deles foi lembrado como parte da história da Rádio Cultura? Pois bem, ficam então os meus protestos pelo “esquecimento” e, voltando ao velho jargão, “um povo sem história é um povo sem memória”.

História da Rádio Cultura de João Monlevade


 


 

Durante o término do meu curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, do qual fiz parte - com muito orgulho - da 1ª Turma no IES/Funcec, em 2005, decidi apresentar em minha Monografia a História da Rádio Cultura de João Monlevade. Instalada pela Belgo-Mineira, a empresa dirigiu a emissora por 15 anos, sendo depois vendida para o Sistema Globo de Rádio em Minas, passando a se chamar Rádio Tiradentes. E foi durante esse período – de 1961 a 1976 – que realizei minhas pesquisas.

 

 

Pois bem, mas aproveitando a ocasião, quando a Rádio Cultura completa seu 48º aniversário de fundação – e com grande festa realizada neste domingo na praça Minas Gerais, Satélite, seda da emissora -, segue abaixo um pouco da história da Cultura/AM, produzida em minha Monografia:

O RÁDIO EM JOÃO MONLEVADE


 

 

Diante da importância do rádio e da sua influência social e cultural entre
os brasileiros, pretendemos através desta pesquisa resgatar a história do rádio em
João Monlevade
, que aqui se instalou no início dos anos 1960. Com uma potência inicial de 250 watts e atingindo um raio de 100 quilômetros, a Rádio Cultura de João Monlevade – ZYV-72 - entrou em funcionamento em caráter experimental em março de 1961 e sua data de fundação, segundo matéria publicada no jornal “O Pioneiro”, que circulou em Monlevade entre os anos 1950/60, foi em 14 de abril daquele mesmo ano, com um grande show musical na praça de Esportes do Grêmio Esportivo Monlevadense, com os cantores Nelson Gonçalves, Clara Nunes e Elza Soares. Mas, a data oficial de inauguração da emissora consta de 1º de maio de 1961, e o primeiro locutor a entrar no ar foi Alim Machado.

 

 

Através de pesquisa elaborada pela historiadora Isabella Carvalho de Menezes, que hoje atua no Projeto “Memória Belgo”, a Rádio Cultura foi idealizada pelo advogado e jornalista Cid Rebello Horta, chefe do Serviço de Divulgação e Imprensa da Belgo-Mineira,  ainda na da década de 50. De acordo com dados colhidos na pesquisa, Cid havia sido diretor do órgão oficial do governo do Estado, “Minas Gerais”, e trabalhava nos Diários Associados. Com vasta experiência na área, foi convidado pela Belgo-Mineira para implantar o Serviço de Divulgação e Imprensa da empresa. Junto a ele trabalhava o publicitário Rubem Fischer Caldas, quando surgiu a idéia de se fundar uma emissora de rádio em João Monlevade. Conforme cita Rubem Caldas durante entrevista que concedeu à historiadora, “eu havia feito curso de locutor na Rádio Itatiaia com Anatólio Lima e resolvi aceitar o desafio proposto pelo Cid Rebello. Inicialmente, fomos desenvolvendo os processos, os programas, junto ao grande radialista Altino Pimenta. Durante o nosso trabalho, revolucionamos Monlevade culturalmente, com a vinda de grandes espetáculos”. Rume Caldas veio a ser o primeiro diretor da Rádio Cultura, onde atuou até 1965.

 

 

O primeiro diretor artístico da emissora foi o maestro e pianista Altino Pimenta, natural do Pará, mas que trabalhou no Rio de Janeiro e na TV Itacolomi, em Belo Horizonte. Começava então a história da mídia falada no município e que foi implantada pela Cia Siderúrgica Belgo-Mineira.

 

 

Conforme matéria publicada no “O Pioneiro”, em março de 1961, antes mesmo de entrar no ar oficialmente, a instalação da Rádio Cultura entusiasmou e movimentou toda a população monlevadense. “Todos querem colaborar, de uma maneira ou de outra, para o êxito da iniciativa. Valores até então desconhecidos têm afluído em grande número, possibilitando a criação de excelente ‘cast’, formado na própria cidade. Já existem, em ensaios constantes, um conjunto melódico e um rítmico, tudo levando a crer que, dentro em breve, a soma dos recursos materiais e humanos da nova emissora a colocará entre as melhores do Estado”, citou a nota publicada no jornal.

 

 

É importante ressaltar o papel social da primeira emissora de rádio em João Monlevade com relação à influência até mesmo nas questões políticas da população, que deixava um pouco o cotidiano provinciano para entrar no mundo da comunicação através das ondas. Com sua política assistencialista, a Belgo teve interesse em implantar na Vila um meio de comunicação de massas que envolvesse toda a comunidade na qual ela atuava. Surgiu então uma rádio local e voltada para atender exclusivamente a cidade..

 

 

Há que se ressalvar, no entanto, que não haveria uma posição política da rádio nas questões ligadas ao município. No ano de sua inauguração, em 1961, já se iniciava timidamente um movimento em prol da emancipação político-administrativa do distrito de João Monlevade, que pertencia ao município de Rio Piracicaba. E havia uma corrente contrária à emancipação. Justamente por questões como essa que a emissora não priorizava pelo radiojornalismo combativo, mas sim de forma mais superficial e técnica, sem opiniões, abrangendo mais as questões sociais e esportivas da comunidade. Não era interesse da Belgo-Mineira criar um clima de hostilidade entre as correntes políticas procedentes da sede e do distrito.

 

A Rádio de Acrízio Engrácio



 

Dois anos antes de a Rádio Cultura entrar em operação, precisamente em 1959, um operário da Usina da Belgo-Mineira conhecido por Acrízio Engrácio, empreendedor por natureza e muito simples, mas um homem à frente do seu tempo, instalou na sede do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, bairro Cidade Alta, uma pequena emissora, com transmissor precário, apelidada de Rádio "Lobisomen". De acordo com a “Coluna da Cora”, publicada na edição de nº 48 do jornal Morro do Geo, de 10 de janeiro de 2003, a emissora foi ao ar por alguns meses, com programas de calouros e uma programação variada, e obteve apoio do engenheiro Joseph Hein, diretor da Usina da Belgo-Mineira em Monlevade na época, que teria sido o responsável pela liberação do transmissor. Um outro serviço de rádio fora montado na Casa Paroquial, onde funcionava uma outra emissora e cujo diretor era o Cônego Higino de Freitas, segundo informou o professor e historiador Eustáquio Ferreira da Silva, “Dadinho”. Pode-se afirmar então que Acrízio Engrácio e o Padre Higino de Freitas teriam sido os pioneiros nessa empreitada. 

 

 

Poucos tinham acesso aos aparelhos de TV em suas casas e a grande maioria das pessoas ouvia as emissoras do Rio de Janeiro, principalmente a Tupi, Mayrinck Veiga e a Rádio Nacional. Não havia até então uma influência midiática local, de massa e, como exemplo, imperava nas transmissões radiofônicas na cidade o futebol carioca. Com a chegada da Rádio Cultura, esse quadro mudou radicalmente. Em pouco espaço de tempo, criou-se o gosto pelas transmissões esportivas dos clubes locais e até mesmo de Belo Horizonte. A emissora deu início ao seu programa jornalístico que ia ao ar diariamente, com notícias locais e regionais, mexendo com o ego dos monlevadenses e enchendo-os de orgulho. Houve uma transformação social muito grande, conforme relatou a funcionária pública aposentada Neide Roberto, uma das primeiras cantoras a se apresentar no auditório da Rádio Cultura. Segundo ela, a rádio fez com que os monlevadenses se sentissem importantes.

 

 

Com menos de um ano em operação, a direção da Rádio Cultura montou uma equipe esportiva de grande qualidade. Afinal, desde os anos 1950, a Belgo-Mineira daria ao futebol monlevadense grande destaque e buscava jogadores de alto nível em várias cidades de Minas. Surgiram equipes de nível profissional em Monlevade e com isso era interessante destacar as transmissões esportivas na emissora; uma forma de arrebanhar multidões. Uma matéria publicada no jornal “O Pioneiro”, de julho de 1962, noticia um fato histórico que teria sido a transmissão do jogo entre Atlético Mineiro e Botafogo, um mês depois de a Seleção Brasileira sagrar-se bi-campeã mundial de futebol no Chile. E, naquela época, a equipe da estrela solitária era o celeiro de craques que havia participado da Copa do Mundo, entre eles Garrincha, Nilton Santos e Djalma Santos.

 

 

Assim nascia a Rádio Cultura que, por 15 anos, revolucionou a comunicação de massa em João Monlevade; também com seus programas de auditório e trazendo artistas que fizeram histórias nas grandes emissoras de rádio do Rio e São Paulo, como Nelson Gonçalves, Ciro Monteiro, Elizete Cardoso, Clara Nunes, Cauby Peixoto, Radamés Gnattali, Procópio Ferreira e Roberto Carlos. Importante frisar que a Rádio Cultura, durante os 15 anos em que pertenceu à Belgo-Mineira, de 1961 a 1976, teve grande influência na cultura da população e conseguiu formar uma comunidade mais politizada e participativa.

 

 

Em 1976, a rádio foi negociada com o Sistema Globo, em Belo Horizonte, e passou a ser denominada de Rádio Tiradentes/Globo. A Belgo já não tinha mais interesse em manter uma emissora na cidade, mesmo porque ela já vinha operando no vermelho e conseqüentemente a empresa já tinha iniciado sua nova política de atuação na cidade, minimizando a sua prática assistencialista. O processo visando a terceirização de serviços viria sucumbir alguns anos depois.

 

 

sábado, 18 de abril de 2009

BR-381: à espera de um morto ilustre

O texto abaixo intitulado “BR-381: À espera de um morto ilustre”, é de autoria de Carlos H. Peixoto, colaborador do jornal Morro do Geo e residente em Ipatinga. O artigo foi publicado no periódico em setembro de 2007.

 

Todos os caminhos levam a Roma. Mas, nos tempos do Império, a via Ápia era a melhor estrada, pavimentada, sinalizada e bem cuidada. Segura? Nem tanto. O mundo inteiro – inclusive quem ia de Minas para Roma ou quem vinha de Roma para Minas -, pegava a Via Ápia: assaltantes, estafetas, peregrinos, mendigos, prostitutas, leprosos, escravos, soldados, e também os homens calçados com sandálias de pescador - a pé, a cavalo, de carroça ou em lombo de burro. Políticos, senadores, papas, bispos, patrícios e os Príncipes das Coxambranas utilizavam a Via Ápia, que tinha o mesmo status da rodovia BR 381, responsável, atualmente, pelo escoamento de 50% das cargas terrestres brasileiras.

Naquele tempo os homens não tinham asas, portanto, os aviões não voavam, não voando, não despencavam dos céus como pássaros sem asas. Não havia outra opção, não bastava ter boca para ir a Roma, era preciso colocar os pés no chão e pegar a Via Ápia. Navio de passageiros? Tinha não. Galés de guerra. Trem? Só o da morte sob ferros – lanças, espadas, bolas de ferro, óleo fervente, as legiões e os aríetes em forma de falange, compacta, investindo contra o inimigo. Sai da frente. Um cenário horrível, degradante. Pedaços de pernas, braços, cabeças cortadas, vísceras espalhadas e corpos dilacerados. Gritos, uivos e gemidos; alguns corpos, sedentos, arrebentados, agonizavam por dias e dias, abandonados nos campos de batalha. Morria gente igual mosquito. Mas a morte não provocava alardes. Não deu nos jornais, em 70 a.C.: “Crucificados seis mil escravos ao longo da Via Ápia. Espártaco, o líder dos revoltosos, foi o último”.

Um dia um Homem foi crucificado e até hoje sua morte continua ecoando, depois de dois mil anos. Inúmeras são as cruzes pregadas ao longo da Três Oito Um. De janeiro a agosto de 2007, cerca de 50 pessoas morreram no trecho que liga Ipatinga a Belo Horizonte (falo “cerca de” por que essa contagem nunca é exata, e está sempre aumentando: um acidentado, internado na UTI, pode demorar mais de uma semana pra morrer). Ah, mais seis cachorros, dois gatos, cinco codornas, uma galinha da angola, um tatu, um bezerro e uma paca. Nenhum dos mortos mereceu mais do que os habituais quinze segundos de fama. O governador, os prefeitos ou os secretários - nenhuma autoridade apareceu na televisão para decretar: ISTO É UMA VERGONHA!

O lobby das transportadoras e dos fabricantes de caminhões, balanças fechadas, asfalto liso, buracos, curvas mal traçadas, consumo de bebidas alcoólicas em bares, restaurantes e bitacas ao largo da rodovia. Ser condenado e executado pelo Estado é privilégio dos mártires. Ser deixado à própria sorte, na luta pela sobrevivência, disputando uma beirada de asfalto com os caminhões, numa rodovia congestionada, sem acostamento e cheia de curvas traiçoeiras, é incúria do Estado. Quem nos governa tem o direito de determinar onde, de que forma e quando seremos assassinados?

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Imprudência

Abril 17, 2009 by blogdoleunam

Em uma estrada sem condições de suportar o aumento do tráfego - única opção para os caminhões, para aqueles que não têm dinheiro para pagar avião (Avião? Que avião? Em que aeroporto?), e nem tempo para esperar o único trem do dia -, todos os mortos que pegaram essa via foram imprudentes, e são culpados por antecipação. Por que um motorista imprudente sempre mata uma família de pessoas prudentes? Onde estava a fiscalização do Estado, que não zelou pela vida dos que respeitam as leis do trânsito? - os imprudentes que morram sozinhos! Até quando escutaremos da Polícia Rodoviária a mesma cantilena?

De dois em dois anos a BR 381 é recapeada, reformada, reestilizada, reorganizada e seu traçado é reestudado: eterna fonte de financiamento de campanhas, tema de debates inesgotáveis, de assembléias e de audiências, reduto eleitoral de hienas políticas - sejam municipais, estaduais ou federais -, muletas da morte em troca de votos. O nordeste dos demagogos: se a BR 381 for duplicada, que seja entre Belo Horizonte e Ipatinga, muitos políticos vão viver de quê? Vão falar de quê? Como vão se eleger?

Uma das maneiras de conhecer um povo é estudar como ele morre. Na África: de malária, AIDS, guerras e de fome. Na Europa: de velhice, câncer e de outras doenças degenerativas. No Rio de Janeiro, de balas perdidas, e também de outras encontradas nos corpos crivados de balas. Em Minas, de acidentes de trânsito. Perda do pênis: em 2006, em todo Brasil, foram notificadas mil amputações do membro sexual masculino - dados oficiais, fora os que caíram e ninguém ficou sabendo. Para um eleitor que não sabe cuidar do próprio pinto, qualquer político está de bom tamanho. Onde foi isso? Principalmente no Norte e Nordeste do Brasil; em Minas Gerais foram cinqüenta e seis amputações de pênis. Uma morte que poderia ser evitada, símbolo do atraso e da ignorância – no sentido lato da palavra.

A morte, fenômeno biológico, é também um fenômeno político. Muitos povos sacrificavam seus cidadãos para aplacar a fúria dos deuses. De acordo com a cultura do lugar, morre-se mais de um jeito do que de outro. Quase um Vietnam: 35 mil mortes em decorrência de acidentes de trânsito no Brasil, a cada ano. É como se caísse um BOIENG 737, lotado, há cada trinta e seis horas. Uma média de 93 óbitos por dia. O custo das mortes nas estradas chega a R$ 22 bilhões por ano, considerando-se os prejuízos humanos e materiais. Normal. Morrer não é vergonhoso. Vergonha é roubar e não agüentar carregar. Nesses tempos midiáticos, qual é o modo mais importante de morrer? Que tipo de morte vende mais jornal? Dá na televisão? Alcança maior ibope? A AIDS perdeu o encanto, não é mais “exclusividade” de artistas – nem fazem mais propagandas. No tempo dos Romanos, era usual o pobre ser crucificado, jogado às feras, envenenado ou estripado. Morrer em frente às câmeras, com transmissão ao vivo para todo o Brasil, ou morrer, anônimo, como um cão, o sangue escorrendo pelo asfalto, entre Belo Horizonte e Monlevade?

Dinheiro tem, desde que não seja desviado, neste ano o Governo Federal deverá arrecadar R$ 8 bilhões só com a CIDE. A pessoa que morre na BR 381, muitas vezes só fica sabendo que morreu - principalmente se a coisa se der entre Belo Horizonte e Monlevade -, muito tempo depois, quando um conhecido seu, morto por outra causa, chega ao Além e comenta, assim, como quem não quer nada:
-Fulano, que coisa horrível foi a sua morte na curva de São Gonçalo do Rio Abaixo!
-Você viu?
-Não. Li em um jornal, três meses depois, quando fui comprar peixe e lá estava o seu retrato. Não deu pra ler a matéria toda, na verdade uma notinha, pois o peixe, um surubim dos grandes, umedeceu o embrulho. Eu nem sabia que você tinha morrido!
-Pois é. Eu também. Só fiquei sabendo depois da missa de sétimo dia, quando São Pedro veio me acordar para os ensaios do coral.

A morte não dói. O que dói é o esquecimento.

 

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Uma terra chamada "Jean Monlé"




 

João Monlevade completará no próximo dia 29 deste mês de abril, seu 45º aniversário de emancipação político-administrativa. Parabéns, minha querida “Jean Monlé”, como a apelidou o amigo Rogério “Cabeçudo”. Ou “João Romão”, como dizem outros. E por ser monlevadense da gema, que amo tanto este lugar. Às vezes dá vontade de sumir daqui, chutar o balde mesmo, mas só de dar um pulinho ali em BH, ou em outro canto, já fico com saudade dela.

 

 

Monlevade de montanhas e do minério e, mesmo sendo tão nova, tens uma história mais que centenária, desde aquele francês que por aqui chegou, construiu a primeira Usina e deixou como herança, não apenas a siderurgia nacional, mas também o Solar Fazenda Monlevade, nosso símbolo natural. Pois é, mas precisamos acertar algumas contas, lhe pedir desculpas e vencer alguns obstáculos. Precisamos criar um movimento para fazer com que mais monlevadenses tenham um carinho especial por você. Afinal, estão lhe tratando muito mal. E não é de agora! Isso é velho. Estão pensando que você não tem sentimento e até deixaram as flores de suas praças abandonadas, tristes...

 

 

Tenho andado pelo seu chão, de cabo a rabo, do Cruzeiro Celeste ao Jacuí, passando pela Vila Tanque, Areia Preta, Baú, Satélite, seus filhos mais experientes e sinto que há muitos calos nesses passos. As rugas começaram a aparecer. Meio precocemente. Afinal, ainda está um pouco longe dos 50. É o sofrimento causado pela vida doida e agitada. E dessa crise que não quer acabar. Mas, deixa pra lá. E, se Deus quiser, eu quero estar aqui, bem vivo, para participar da festa do seu cinqüentenário.

 

 

Estranho, mas agora que eu atinei: você, João Monlevade, é mais nova do que aquilo que a sua terra produziu, a Usina da Belgo-Mineira, que já estará completando 74 anos daqui a quatro meses. A mãe mais nova do que a filha. Por isso você é uma cidade tão atípica, João Monlevade. E eu me lembro de tantas coisas que passamos juntos. E quando você nasceu, eu tinha apenas cinco anos de idade. Tivemos uma parte da adolescência e juventude em comum. Freqüentávamos os mesmos ambientes e gostávamos dos mesmos lugares. Tenho saudade daquele tempo, ainda do Rampa´s e do armazém e do morro do mesmo Geo. Da praça do Cinema das paqueras em frente ao Colégio Estadual. Do futebol de salão no Grêmio e dos bailes do Ideal. É, mas isso é passado e temos de viver o seu presente. Bom, já é tarde. Falamos mais amanhã. Um abraço, minha querida mátria! E aqui, temos até trem, uai!

 

Poesia mineira


Por Rolando Boldrin

 

 Vô contá como é triste, vê a veíce chegá,

 Vê os cabêlo caíno, vê as vista encurtá.

 Vê as perna trumbicano, com priguiça de andá.

 Vê "aquilo" esmoreceno, sem força prá levantá.

 

 As carne vão sumino, vai parecêno as vêia.

 As vista diminuíno e cresceno a sombrancêia.

 As coisa vão encurtano, vão aumentano as orêia.

 Os ôvo dipindurano e diminuíno a pêia.

 

 A veíce é uma doença que dá em todo cristão:

 dói os braço, dói as perna, dói os dedo, dói a mão.

 Dói o figo e a barriga, dói o rim, dói o purmão.

 Dói o fim do espinhaço, dói a corda do cunhão.

 

 Quando a gente fica véio, tudo no mundo acontece:

 vai passano pelas rua e as menina se oferece.

 A gente óia tudo, benza Deus e agradece,

 correno ligeiro prá casa, procurano o INSS.

 

 No tempo que eu era moço, o sol prá mim briava

 Eu tinha mir namorada, tudo de bão me sobrava.

 As menina mais bonita, da cidade eu bolinava.

 Eu fazia todo dia, inté o bichim desbotava.

 

 Mais tudo isso passô, fais tempo ficô prá tráis

 as coisa que eu fazia, hoje num sô capaiz.

 O tempo me robô tudo, de uma maneira sagaiz.

 Prá falá memo a verdade, nem trepá eu trepo mais.

 

 Quando chega os setenta, tudo no mundo embaraça.

 Pega a muié, vai pra cama, aparpa, beja e abraça,

 porém só faiz duas coisa: solta pum e acha graça.

 

 

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Aniversário da Cidade: Muitos anos depois... Parabéns pela programação


 

Há muitos anos não acontecia uma programação pela passagem do aniversário de Monlevade tão diversificada. Sinceramente, parabéns ao governo municipal. Como diz aquela velha canção do Titãs, “a gente não quer só comida; a gente quer bebida, diversão e arte”. Por isso, em termos culturais, algo para sacudir Monlevade e sem shows “breganejos”.

 

 

Sem falar nos shows de Flávio Venturini, na sexta-feira, dia 1º de maio; Jorge Aragão, no sábado, 2; e Rádio Táxi no domingo, 3, também serão valorizados alguns artistas da terra, entre eles Rômulo Ras, na preliminar do sambista Aragão;  Claudinei Godoy e Banda e ainda Ronivaldo e João Roberto, na preliminar de Venturini; e Aggeu Marques no domingo. Todos terão à disposição o palco para mostrar os valores da cidade. Também haverá a apresentação de uma das cantoras mais famosas que interpreta músicas católicas no Brasil, que é Celina Borges. Portanto, tudo indica que valerá a pena os investimentos para os 45 anos de João Monlevade. 

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Comunicado aos Leitores

Por motivo particular, ficaremos dois dias sem atualizar o nosso Blog.
Retornamos na próimxa quarta-feira, depois de amanhã.
Obrigado

 

domingo, 12 de abril de 2009

O Morro do Geo conta a história de João Monlevade


Quando nos aproximamos do 45º aniversário de emancipação poítico-adminsitrativa de João Monlevade, o jornal Morro do Geo, através deste Bolog, conta um pouco da história de nossa cidade, e de seus personagens:


Vamos voltar à Monlevade de antigamente, quando existia, no meio do morro do Geo (que interligava o Bar do Daniel à praça do Cinema), o armazém do mesmo nome, de propriedade do Sr. Antônio de Lima Geo, popular “Leleo”. Naquela época, o centro comercial era na porta da Belgo-Mineira, e também ponto para os encontros, onde os operários faziam suas compras.

 

 

Pois bem, mas aqui está o famoso Armazém do Geo, aparecendo à frente os seus funcionários e alguns clientes. O Geo vendia de tudo e praticamente todos os operários da Usina utilizavam a famosa caderneta para as compras. Dizem os antigos moradores que o Sr. Leleo tinha era um comerciante um tanto generoso e, mesmo quem ficava devendo, tinha garantida a compra do outro mês. Sem problemas ou qualquer tipo de burocracia. Ninguém ficava sem mercadoria em casa. Do pão ao leite, do arroz ao feijão, os burros puxavam as carroças na entrega das compras do empório. Além também de levar os pães, produzidos na Padaria do Geo.

 

 

E, o mais engraçado e que caiu no jargão popular, foi a história que envolvia os burros do armazém. Eles serviam de comparação para as coisas quase impossíveis, do tipo “isso nem o burro do Geo agüenta”, que era comum ouvir na época. Tudo por causa da subida do Geo, que era íngreme e os burros subiam carregando pesadas mercadorias.

sábado, 11 de abril de 2009

sexta-feira, 10 de abril de 2009


Jesus morreu por nós, e por Ele, o filho de Deus, a humanidade mudou o seu rumo e a história passou a ser contada antes e depois de Cristo. E hoje, sexta-feira marca o dia da morte e paixão de Jesus Cristo. E nós, cristãos, devemos repensar nos valores e no que realmente temos que acreditar. 

Afinal, neste mundo materialista e cada dia mais competitivo, nos entregamos pouco à religiosidade. E paramos pouco para agradecer a Deus. O nosso tempo parece não ter tempo para Ele. E hoje, vamos ao menos refletir sobre o motivo pelo qual Jesus foi crucificado. Sabemos que foi pela humanidade, mas tem que ter valido a pena. Pois até Ele, por um instante, questionou a Deus: "Óh Pai, por que me abandonastes"? 

E mesmo assim continuamos a viver a prática deste mundo hipócrita, medíocre e com  cada dia mais distante de Deus. Sexta-feira Santa! Vamos repensar os nossos valores.

Receita para o Sábado de Aleluia


Contra-Coxa ao Molho de Cebola

Ingredientes:

9 pedaços de contra-coxas de frango
1 verveja em lata preta
1 pacote de creme de cebola
2 tabletes de frango

Modo de Preparo:

Depois de todos os pedaços do frango ferventados e limpos, coloque-os em um tabuleiro. Depois adicione a cerveja, os tabletes e o creme de cebola. Leve ao forno e deixe assar por 40 minutos.
O prato pode ser acompanhado de arroz amarelo e salada.
Para 6 pessoas.

Bom apetite!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O Balcão do Mercado Central



 

“Tomar em pé? Só vaca”. Trata-se de um termo popular e usado com certa freqüência entre os botequeiros que não são muito adeptos a freqüentar os bares tomando em pé no balcão. Preferem as mesas. Mas, há os que preferem o balcão e eu sou um deles. Agora, se há um lugar onde essa preferência aumenta é ali no Mercado Central, maior ponto turístico hoje de nossa capital. Basta chegar e entrar pela Santa Catarina, Amazonas, Padre Belchior ou Augusto de Lima, se aconchegar em um daqueles balcões e pedir a primeira, uma cachaça e como tira-gosto o bife de fígado acebolado com jiló, ou um torresmo com mandioca. Ah, tem ainda o chouriço assado na chapa. Tudo muito bom!

 

 

E agora o Mercado passou a ser a “casa” de outros amigos. Primeiro uma visita às cachaçarias, às casas de carne, às queijarias, peixaria e depois a tradicional parada no Bar da Loira, ou outro qualquer. Lá estão o Miguel, Zé Afonso, Gaguinho e Mané Paciência. Uma boa prosa e desce cerveja. No Mercado Central se vê de tudo e se encontra de tudo. Mas o bom mesmo é ficar em pé, ali no balcão, tomando uma gelada e jogando conversa fora. E ver o movimento e, como diz o Miguel, “os biricuticos”, que na verdadeira concepção da palavra, são as meninas lindas e formosas que desfilam por ali. E tivesse o poeta maior, Vinícius de Moraes, vivo, faria a música “Garota do Mercado Central”, que desfila tal qual a de Ipanema.

 

 

E lá vamos nós, em mais um folga ao Mercado Central. E se você, aposentado ou em férias, ou mesmo em um feriado ou final de semana, e se não estiver aí de papo pro ar sem fazer nadas aqui na terrinha de Jean Monlé, dê uma esticada até o Mercado Central. E tome em pé, quem nem vaca...

Segunda começa com protesto



 

Mais que justo o protesto que será realizado na próxima segunda-feira, na BR-381, em frente ao trevo que dá acesso à cidade de Caeté. Durante uma hora (de 13 às 14 horas) a rodovia ficará parada naquele trecho da rodovia. Motivo: descaso do governo federal que parece ter desistido de duplicar a 381 (de Belo Horizonte a Governador Valadares) para agora instalar quatro pontos de pedágio em uma estrada que não oferece muito aos seus usuários em termos de segurança. Uma novela que parece não ter fim...


 

Parabéns ao A Notícia




Parabéns ao jornal “A Notícia”, que completa 25 anos de fundação na próxima segunda-feira, 13. E eu sou testemunho do empreendimento idealizado pelo amigo, o jornalista Márcio Magno Passos, tão logo foi fechada as portas do Restaurante “Gandhi”, de sua propriedade em sociedade com o grande Eduardo (antigo Mickey Lanches), e que ficava localizado na Wilson Alvarenga. Quantas noites ficávamos ali jogando conversa fora e tomando uma cerveja até o fechamento do estabelecimento, no início de nossa amizade, e falávamos principalmente de Monlevade e de sua carência em termos culturais. Eu com meus vinte e poucos anos e Márcio com pouco mais de 30.

 

 

Com o Gandhi chegando ao fim, Márcio decidiu então retornar ao jornalismo, setor como qual já tinha experiência desde a época do jornal “Atualidades”, publicado pela extinta AMSS – Associação Monlevade de Serviços Sociais -, mantida pela Belgo-Mineira e que circulou na cidade na década de 1970 com periodicidade quinzenal. Integravam a equipe: ele, Dr. Stanley, Nilton de Souza, Gerhart Michalick, Nem, Álvaro Falcão, Mauro Rodrigues e outros intelectuais da época.