terça-feira, 28 de abril de 2009

O começo do início



 

Nessas boas coincidências da vida, uma delas foi saber que o meu pai é natural de lá, de Piracicaba. Minha mãe, conterrânea de Guimarães Rosa, nasceu em Cordisburgo, no meio agreste, meio sertão mineiro. E se conheceram em Nova Era, onde moravam meus avós maternos. Ele, José Baptista de Oliveira, popular “Zé Cara-Santa”, era maquinista da Central do Brasil. E minha vó, Dona Ritinha, que fazia uma comida sem igual. Um tempero! E os seus bifes então, ninguém consegue fazer com tanta maestria. Davam água na boca naquela pimenta do reino. Faz mal? Fazia-se, não se sabe, pois os dois viveram, cada um, quase 100 anos de existência. Mas aí Seu Sebastião e Dona Geralda se casaram e foram morar lá na Vila, minha amada Vila Tanque. Avenida do Contorno, entre a 10 e a 9. Depois, mudaram-se para a 25, na Vila de baixo. E eu tive o privilégio de passar ali a minha infância e adolescência. E tudo começou naquele lugar o qual considero sagrado, minha raiz e onde foi levado o meu cordão umbilical, após o parto realizado pela saudosa Dona Carmem “Parteira”, ali do Areia Preta.

 

E aqui estamos hoje, no seu 45º aniversário e muita coisa mudou, é verdade, mas a minha sensibilidade de monlevadense permanece. Assim como a de outros monlevadenses, da geração que completa agora seu cinqüentenário. É, estamos ficando velhos, como diriam nossos pais. E, perpetuando a letra da música “Como nossos Pais”, do cearense Belchior, fica o contentamento de saber que, “apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como eles”... Podemos não ser aquela geração dourada, mas de prata, com certeza. E todos nós, crescemos juntos, estudamos juntos, aprontamos juntos, brincamos e brigamos juntos pelos nossos ideais e, apesar da dispersão – cada qual seguindo seu rumo -, a distância física não conseguiu roubar a nossa amizade. Somos eternos... Como é eterna a nossa João Monlevade, hospitaleira por demais. E os seus filhos, onde quer que estejam, não lhe abandonam jamais, porque tem essa coisa de pele, de raiz. Pois quem bebe desta água, jamais provará de outra igual.

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