domingo, 19 de abril de 2009

O RÁDIO EM JOÃO MONLEVADE


 

 

Diante da importância do rádio e da sua influência social e cultural entre
os brasileiros, pretendemos através desta pesquisa resgatar a história do rádio em
João Monlevade
, que aqui se instalou no início dos anos 1960. Com uma potência inicial de 250 watts e atingindo um raio de 100 quilômetros, a Rádio Cultura de João Monlevade – ZYV-72 - entrou em funcionamento em caráter experimental em março de 1961 e sua data de fundação, segundo matéria publicada no jornal “O Pioneiro”, que circulou em Monlevade entre os anos 1950/60, foi em 14 de abril daquele mesmo ano, com um grande show musical na praça de Esportes do Grêmio Esportivo Monlevadense, com os cantores Nelson Gonçalves, Clara Nunes e Elza Soares. Mas, a data oficial de inauguração da emissora consta de 1º de maio de 1961, e o primeiro locutor a entrar no ar foi Alim Machado.

 

 

Através de pesquisa elaborada pela historiadora Isabella Carvalho de Menezes, que hoje atua no Projeto “Memória Belgo”, a Rádio Cultura foi idealizada pelo advogado e jornalista Cid Rebello Horta, chefe do Serviço de Divulgação e Imprensa da Belgo-Mineira,  ainda na da década de 50. De acordo com dados colhidos na pesquisa, Cid havia sido diretor do órgão oficial do governo do Estado, “Minas Gerais”, e trabalhava nos Diários Associados. Com vasta experiência na área, foi convidado pela Belgo-Mineira para implantar o Serviço de Divulgação e Imprensa da empresa. Junto a ele trabalhava o publicitário Rubem Fischer Caldas, quando surgiu a idéia de se fundar uma emissora de rádio em João Monlevade. Conforme cita Rubem Caldas durante entrevista que concedeu à historiadora, “eu havia feito curso de locutor na Rádio Itatiaia com Anatólio Lima e resolvi aceitar o desafio proposto pelo Cid Rebello. Inicialmente, fomos desenvolvendo os processos, os programas, junto ao grande radialista Altino Pimenta. Durante o nosso trabalho, revolucionamos Monlevade culturalmente, com a vinda de grandes espetáculos”. Rume Caldas veio a ser o primeiro diretor da Rádio Cultura, onde atuou até 1965.

 

 

O primeiro diretor artístico da emissora foi o maestro e pianista Altino Pimenta, natural do Pará, mas que trabalhou no Rio de Janeiro e na TV Itacolomi, em Belo Horizonte. Começava então a história da mídia falada no município e que foi implantada pela Cia Siderúrgica Belgo-Mineira.

 

 

Conforme matéria publicada no “O Pioneiro”, em março de 1961, antes mesmo de entrar no ar oficialmente, a instalação da Rádio Cultura entusiasmou e movimentou toda a população monlevadense. “Todos querem colaborar, de uma maneira ou de outra, para o êxito da iniciativa. Valores até então desconhecidos têm afluído em grande número, possibilitando a criação de excelente ‘cast’, formado na própria cidade. Já existem, em ensaios constantes, um conjunto melódico e um rítmico, tudo levando a crer que, dentro em breve, a soma dos recursos materiais e humanos da nova emissora a colocará entre as melhores do Estado”, citou a nota publicada no jornal.

 

 

É importante ressaltar o papel social da primeira emissora de rádio em João Monlevade com relação à influência até mesmo nas questões políticas da população, que deixava um pouco o cotidiano provinciano para entrar no mundo da comunicação através das ondas. Com sua política assistencialista, a Belgo teve interesse em implantar na Vila um meio de comunicação de massas que envolvesse toda a comunidade na qual ela atuava. Surgiu então uma rádio local e voltada para atender exclusivamente a cidade..

 

 

Há que se ressalvar, no entanto, que não haveria uma posição política da rádio nas questões ligadas ao município. No ano de sua inauguração, em 1961, já se iniciava timidamente um movimento em prol da emancipação político-administrativa do distrito de João Monlevade, que pertencia ao município de Rio Piracicaba. E havia uma corrente contrária à emancipação. Justamente por questões como essa que a emissora não priorizava pelo radiojornalismo combativo, mas sim de forma mais superficial e técnica, sem opiniões, abrangendo mais as questões sociais e esportivas da comunidade. Não era interesse da Belgo-Mineira criar um clima de hostilidade entre as correntes políticas procedentes da sede e do distrito.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário